Vício em sexo: o que é, principais sintomas e tratamentos

Você sabe o que é vício em sexo? O problema que afeta pessoas famosas como Charlie Sheen, Kevin Spacey e Michael Douglas é sério e pode trazer consequências devastadoras para o paciente, devendo ser tratado com seriedade.

Embora seja mais conhecido por conta das celebridades que vieram a público revelar o seu problema, o vício em sexo é mais comum do que se imagina: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 6% da população mundial sofre com esse problema.

Neste post, conheça os principais sinais e sintomas, as consequências, as possíveis causas identificadas pela ciência e também as opções de tratamento. Boa leitura!

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O que é vício em sexo?

O transtorno do comportamento sexual compulsivo, também chamado de vício em sexo ou hipersexualidade, é um distúrbio de ordem psicológica que se caracteriza pela preocupação frequente e intensa com a realização de fantasias ou comportamentos sexuais, que pode trazer graves consequências – físicas e psicológicas – para as pessoas que sofrem com essa condição.

Embora haja muitas discordâncias no meio da Medicina sobre se o vício em sexo deve ser considerado uma doença ou não, a OMS reconhece a existência do transtorno e o classifica como distúrbio de saúde mental.

Causas do vício em sexo

Apesar de sempre ter intrigado cientistas, apenas recentemente o vício em sexo começou a ser objeto de estudos que buscam entender suas causas e seus mecanismos. Isso posto, não há um consenso sobre a origem da compulsão sexual.

Em 2019, um estudo sueco divulgado na revista Epigenetics apontou que o vício em sexo pode ser causado por uma alteração no DNA que provoca um aumento na produção de ocitocina, também conhecida como “hormônio do amor”.

Segundo os pesquisadores, o excesso dessa substância levaria o indivíduo à procura insaciável por relações sexuais. Os cientistas observaram que os genes geralmente relacionados ao surgimento de vícios eram os mesmos alterados em pessoas com transtorno do comportamento sexual compulsivo.

A hipersexualidade seria, portanto, um transtorno mental de origem neurobiológica e deveria ser tratado como quaisquer outras formas de vício. No entanto, é importante ressaltar que os próprios pesquisadores afirmam que, apesar dos fortes indícios, novos estudos são necessários para aprofundar e entender os mecanismos do distúrbio.

Quais são os sintomas?

Segundo a OMS, o comportamento sexual compulsivo consiste em “padrão persistente de falha em controlar impulsos sexuais repetitivos e intensos ou impulsos que resultam em comportamento sexual repetitivo”.

Isso quer dizer que o vício em sexo não diz respeito à quantidade de parceiros ou de relações sexuais, mas a um comportamento em que a busca por satisfação sexual se torna o foco constante da vida da pessoa.

Vale ressaltar que a realização da fantasia ou o fato de ter um orgasmo não garantem a satisfação do doente. Independentemente da frequência, logo após o ato, um novo ciclo de idealização e insatisfação se inicia. Nesse sentido, o vício em sexo se torna um problema real quando essa busca por satisfação sexual foge do controle e começa a trazer prejuízos para o indivíduo.

Em muitos casos, a pessoa apresenta dificuldades de concentração e negligencia outros aspectos da sua vida, como cuidados com a saúde, trabalho, família e amigos. Em outras situações, os viciados em sexo apresentam até mesmo dificuldade para dormir, pensando constantemente em formas de satisfazer-se sexualmente.

E as consequências?

Como consequência, o paciente se torna mais propenso a desenvolver condições psicológicas graves, como depressão profunda, pensamentos suicidas e ansiedade, uma vez que os sentimentos de insatisfação, angústia e vergonha o afligem constantemente. Isso faz com que haja mais dificuldades do doente em manter um relacionamento íntimo sadio, além de colaborar para diminuição da autoestima e isolamento social.

O vício em sexo faz com que o paciente debilite-se também fisicamente, aumentando o risco de contração de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), frequentemente machucando a genital por conta da masturbação excessiva ou intensa e ainda colocando-se em situações de risco, em episódios envolvendo drogas, álcool, múltiplos parceiros e práticas pouco usuais.

O aspecto financeiro também é outro ponto importante, uma vez que essas pessoas acabam tendo gastos exagerados com pornografia, acessórios eróticos e profissionais do sexo.

Por fim, é importante apontar que a compulsão sexual pode acarretar até mesmo em problemas de ordem legal e social, uma vez que pode levar a comportamentos como assédio sexual e atentado violento ao pudor por condutas publicamente inapropriadas.

Tratamento para vício em sexo

O tratamento para a hipersexualidade é, geralmente, feito em duas frentes: uso de medicamentos e acompanhamento psicoterápico. A intervenção medicamentosa é feita com remédios que ajudem a reduzir a libido do paciente, efeito colateral comum em antidepressivos, por exemplo. Por sua vez, a psicoterapia ajuda na reeducação do paciente, controle dos impulsos sexuais e redirecionamento da compulsão sexual.

Embora haja a alternativa de internação, essa é uma decisão tomada somente em casos extremos, quando o paciente está muito debilitado fisicamente, apresenta quadro crítico de depressão ou alguma doença causada por conta do vício em sexo.

Mesmo assim, muitos especialistas desaconselham a internação, sobretudo por conta da possibilidade do isolamento do convívio social atrapalhar os resultados do tratamento psicoterápico.

Por fim, ao contrário do que muitos acreditam, a abstinência sexual não figura entre os tratamentos para o transtorno do comportamento sexual compulsivo. Isso porque o foco é ajudar o paciente a adequar seu comportamento e a buscar o autocontrole, e não que deixe de ter relações sexuais.

Atualmente, no Brasil, existem grupos de apoio que funcionam nos mesmos moldes de outros grupos para comportamentos compulsivos, como Alcoólicos Anônimos. Um exemplo é o Dasa (Dependentes de Amor e Sexo Anônimos), presente em diversas capitais do País. Além disso, o paciente pode buscar ajuda ambulatorial.

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